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110km – 2400m de acumulado

Finalmente o resumo do terceiro dia, foi um dia longo, não durou tanto tempo como a publicação deste post mas foi quase tão difícil.
O dia começou cedo em São Bartolomeu de Messines, pois seria o dia mais longo de todos. E o primeiro pacote energético a ser logo tomado ainda na Ti Raquel com a seguinte repasto!

Os primeiros kilometros levar-nos-iam a percorrer a vila de São Bartolomeu de Messines que já haviamos descoberto na noite anterior.


Após sairmos da localidade a algarviana conduzia-nos agora à barragem do Funcho. O trilho desenvolveu-se durante uma série de kilómetros como que contornando a albufeira, e mais uma vez era possível constatar que este ano a chuva era escassa.

Já sobre o paredão, aproveitamos para tirarmos uma foto de modo a juntarmo-nos ao movimento do momento, neste caso fizemos um planking perfeito no coroamento da barragem do funcho, à cota +40m acima do leito do rio Arade…impressionante!


Talvez tenha sido a ultima risada do dia, pois a serra Algarvia, no seu esplendor, aguardava por nós!
Descemos até à margem do rio, a jusante da barragem, e assim permanecemos por quase um quilómetro até nos embrenharmos nas subidas da serra, a primeira ia dos 70m até aos 240m em pouco mais que uma milena de metros, vá lá que o David furou e deu para descansar um pouco… Era altura de experimentar uma das magníficas câmaras de ar compradas em Cachopo…
Furo reparado e voltamos ao sobe e desce que o interior algarvio já nos havia habituado.

Quase a chegar a Silves e poucos quilómetros após o furo anterior e a câmara de ar demonstrou toda a sua qualidade, novo furo, na roda da frente do David…foi realmente um bom negócio…

O caminho prometia…

Daqui até Silves, apesar da dureza do terreno, não nos deparámos com grandes dificuldades, a chegada a Silves fez-se por um trilho bastante rápido junto ao leito de um pequeno riacho, ao qual se seguiu um single track pelo meio das estevas. O trilho não passa no centro de Silves, apenas nas suas imediações, foi aí que procurámos água e uma simpática senhora se deu ao trabalho de ir a casa encher 6 bidons, qualquer coisa como 5 litros, estava a ser o dia mais quente de todos e a água rapidamente desaparecia.
Quando retomámos o percurso, o João, apercebeu-se que a sua bicicleta estava mais leve, tinha perdido o GPS 😦 como o single track anterior era bastante pedregoso e irregular, voltámos atrás na esperança que o GPS se tivesse soltado nesse local…no entanto a procura revelou-se infrutífera, apôs a perda tivemos que retomar o caminho pois fazia-se tarde, ainda faltavam bastantes quilómetros.
Mais à frente encontrámos uma placa do percurso que nos alertou para o que nos esperava, 28km até Monchique com subida à Picota, depois da Picota descíamos para Monchique e depois disso seria subir à Foia, sendo o final sempre a descer até Barão de São João.
Talvez o Angel pressentisse qualquer coisa, pela seriedade demonstrada neste compasso de espera…

…ainda nos esperavam quilómetros muito duros, de um constante sobe e desce, até ao sopé da Picota, que só ele conseguiu percorre-los sempre montado, e com alforges, impressionante! Começamos por subir até à cumeada destas serras e aí, subidas e descidas curtas, mas íngremes sucediam-se umas às outras. Depois de mais alguns vales ultrapassados, começamos a ficar sem água e o Emanuel insistia em comer as sandoxas preparadas em Messines, já eram horas de almoço.
Ao contrário dos dias anteriores em que era uma constante a passagem por pequenas povoações, esta etapa era despovoada e largos quilómetros foram feitos sem se avistar uma habitação, o que juntando a altas temperaturas do dia rapidamente a água começava escassear nos bidons.
Encontrámos finalmente uma casa, onde fomos pedir água mas tinham pouca para nos fornecer, apenas tinham um ou outro garrafão para uso próprio, contudo indicaram-nos uma outra casa mais à frente que tinha um furo de água.
Logo após esta primeira casa o Emanuel, fez birra e sentou-se na berma do caminho e sacou da sandes e lá fizemos o nosso almoço. Na casa seguinte, onde fomos pedir água, fomos recebidos por 10 cães nada satisfeitos por nos verem, que parecia que nos queriam morder, mas lá apareceu a dona que depressa apaziguou o ânimo dos animais e nos deu água…. Bem Haja!
Daqui foi sempre a descer até à ribeira de Odelouca, onde encontraríamos o grupo da Associação Almargem, que tinha saído de Sagres no mesmo dia que nós de Alcoutim, e faziam o caminho inverso a pé. Estavam a almoçar debaixo da nova ponte sobre a ribeira…

Em conversa com o grupo, o João contou o que tinha sucedido ao seu GPS e qual a provável localização, em resposta eles propuseram-se a procurar o aparelho. Tomámos o nosso caminho e após este encontro os ânimos estavam exaltados, não víamos caras tão simpáticas há muito tempo…

Um pouco mais à frente foi a vez do Angel ter um furo. Os problemas continuavam, já tínhamos utilizado as magníficas câmaras de ar de Cachopo, restavam as remendadas há duas noites atrás. O Angel substitui a câmara de ar e retomámos o caminho.
Estávamos perante a subida do dia, iríamos subir da cota 20 até aos 760 metros de altitude, era a Picota…mas logo no início da subida o pneu do Angel mostrou não estar pronto…e tivemos novamente de trocar a câmara de ar…e com isto vão 4 😦
Já a meio da subida enquanto o Angel e o David bebiam água numa fonte, pertença de uma casa de retiro espiritual ali próxima, o João e o Emanuel aproveitavam para se refrescar com os pivots de rega do batatal junto à estrada.

Estávamos quase a chegar, apesar do cansaço, todos nós nos mantínhamos em cima das burras, a Picota estava próxima.

Ao chegarmos quase ao cume da Picota, optamos por fazer o caminho até Monchique pela estrada, em vez de seguirmos pela via Algarviana, dada a dificuldade apresentada do último troço, subida ingreme com muita pedra, impossível de seguir montado. Decidimos atalhar uma vez que esta ultima parte iria tomar-nos muito tempo extra, tempo esse o qual já era um bem escasso com todos os azares anteriores.
Descemos até Monchique pela estrada e paramos junto ao Intermarché para um lanche e repensar os kilometros finais até Barão de São João, o nosso destino para este terceiro dia.

Eram 18h, e faltavam cerca de 50km até Barão de São João, onde iríamos pernoitar, que incluíam a subida à Foia, não tão difícil como a anterior, e passar ainda por Marmelete. Optamos então por tentar fazer corta mato, indo pelas estradas da região, perguntámos a uns bombeiros que nos orientaram na nossa viagem. E lá fomos, tínhamos como referência Casais e depois Arão, teríamos que ir perguntando…
Continuamos o nosso caminho, e estava já a fazer-se de noite, faltavam ainda uns 40 km´s para o nosso destino quando o Angel furou novamente, as câmaras de ar estavam esgotadas, a sorte no meio do azar foi que o furo era de pequena dimensão que permitia com umas bombadas de ar encher a câmara de ar e andar na mesma mas com grandes dificuldades.
Já a escurecer, encontramos um Senhor já de certa idade, uma verdadeira pérola com dois dentinhos salientes, e que aproveitamos para perguntar a quantos Km´s ainda ficava a localidade de Barão de São João, ao que o mesmo respondeu:
– He pá não tenho orçamento para isso!
Resposta brilhante 🙂 partimo-nos a rir é claro 🙂 Falar em orçamento…. Aquelas horas…. Memorável! Ou melhor não há memória 🙂
Mais à frente e já depois das 20h, perto do autódromo do Algarve, perguntamos a uma senhora que conduzia uma carrinha, e que segundo ela, muito experimentada nas artes da condução e conhecedora daquela zona, Barão de São João ficaria a cerca de 50km, estávamos muito longe. Ficamos preocupados mas seguimos caminho, com algumas pausas pelo meio para voltar a encher um pouco mais o pneu do Angel…

Eram já 21 horas da noite, continuamos pela estrada, e o David é atacado por 1 cão…. Que dia!!! Felizmente o David ainda teve forças para fazer um belo de um sprint que o cão nem com 8 patas conseguiu morder ao David 🙂
Tinhamos de Jantar eram quase 22 horas e ainda restavam cerca de 15 km´s para o nosso destino. Resolvemos parar num restaurante á beira da estrada e pedimos para Jantar e fomos aceites tal como estávamos… “Porcos” 🙂
Jantar, que se constituiu de 6 pregos, 8 colas e 4 cafés pela módica quantia de 39€…já não estávamos no interior algarvio. Recordámos Parizes…
Voltamos á estrada, sem luzes nas bicicletas e apenas a pouca luz da lua que nos permitia seguir caminho, estávamos apreensivos, mas tinhamos de continuar pelas estradas municipais do concelho de Lagos, passando por Bensafrim, até chegarmos finalmente ao Monte Rosa em Barão de São João pelas 23h.
O casal holandês aguardava-nos, apesar da hora, com simpatia e mostrou-nos os nossos aposentos, uma pequena casa, onde podiam dormir quatro pessoas à vontade, o merecido descanso depois de um dia pleno de percalços. Mas antes de deitar tínhamos que remendar as câmaras de ar e lavar mais alguns calções…

E a comprovar a magnificência das câmaras de Cachopo…hei-de lá voltar…aqui demonstrada neste pequeno vídeo…

Foi um dia “sem espinhas”…amanhã sim, seria um dia mais tranquilo a serra Algarvia tinha terminado…

80km – 1800m de acumulado
Após uma “bela“ noite nuns colchões bem durinhos, lá partimos para a nossa segunda etapa pela fresquinha. Esta etapa prometia, logo nos primeiros 30 km, até Barranco do Velho, seriam 1030 m de acumulado num constante sobe e desce, a que a serra algarvia já nos tinha habituado no dia anterior.

As paisagens faziam-nos esquecer essas mesmas dificuldades por momentos, e as paragens para o momento “kodak” eram uma das formas de nos distrairmos e convivermos no interior Algarvio.

Encontro imprevisto com o Rally de Portugal! Chegados a Parizes damos de caras com malta da equipa do Sebastien Loeb, que estavam a controlar os treinos da equipa da Citroen. Ficamos um pouco a observar, o que nos permitiu tirar uma foto com o carro de treino, descaracterizado, do companheiro de equipa do Loeb.

Este encontro abriu-nos o apetite, e como já eram horas…. aproveitamos para petiscar e tapar o buraco, nada melhor que um cafezinho típico onde podemos comer quatro sandes de presunto e queijo, no chamado pão tradicional, mais quatro coca colas e outros tantos cafés pela brutalidade de 8 euros…tudo. Está visto que os algarvianos, pelo menos os do interior, sabem receber 😉

Em conversa com os donos, este simpático senhor da foto e a sua esposa, que tão bem nos serviu, ficamos a saber que os 10 km até Barranco do velho seriam feitos em grande velocidade, tal era a baixa dificuldade que nos esperava. Deu para nos alegrar mas com o que já tínhamos passado, eram pensamentos muito positivos, pensamentos que vieram a revelar-se extremamente optimistas. A parte final, a chegar a Barranco do Velho, foi bem dura…

já tínhamos pedalado imenso e o cansaço apoderava-se do grupo. O David à espera do que não vinha 🙂

Alguma indecisão em retomar o percurso correcto da Algarviana, levou-nos ao encontro de uma curiosa dupla do Rally, Os “Macierrrás” 🙂

Oportunidade para conhecer duas peças francesas do Rally de Portugal que faziam parte de uma equipa participante, cujo as únicas palavras que sabiam dizer em bom Português era MacierrÁ e Vinho do PorrtO, óbvio que eram ditas com sotaque francês…claro que também não perdemos tempo para lhes dizer que o líquido precioso naquelas bandas era o MedroNHO 🙂
estes alegraram o grupo para mais uns valentes km’s que tinhamos pela frente.

Após a conquista de mais um cabeço Algarviano, deparamo-nos com este Moinho, ex-líbris da Via Algarviana.

A seguir era a descida do dia, em 5 km vencer um desnível de -300 m, metade das pastilhas deve ter ficado por ali, pelo menos o cheiro pairava no ar…será isto poluição?!

Mais alguns quilómetros, após a bela descida, chegou a hora da sandoxa à beira da estrada pouco antes de chegarmos a Salir, preparada antecipadamente em Cachopo.

Em Salir foi tempo de mais doping, mais quatro colas num cafezito catita. Onde uma telefunken, pastilhas gorilas e um telefone de disco ainda faziam parte da mobília.

Onde o dono era um afamado tirador de cerveja e a dona nos ofereceu amêndoas acabadas de descascar.

Apesar do pior já ter passado, entre Salir e Alte, ainda nos esperavam algumas subiditas de registo, como a que aparece na foto, que foi feita quase toda à mão, pelo menos pela maioria, tal era a dureza do terreno.

O Angel sempre on-fire nas subidas…. O merecido descanço à espera dos restantes elementos e carregavam as bikes a pé.

O fim da etapa era em São Bartolomeu de Messines, Emanuel e o Angel, os duros…Ainda foram mergulhar na piscina da Ti Raquel, que permitiu que tirassem o pó e suor na piscina…mas ao que parece, a água estava fria, pois tão depressa como entrou, logo saiu 🙂


Depois do banhinho tomado, duche, fomos até ao centro da vila ver dele, o jantar, e comprar mantimentos para o dia seguinte. O dia seguinte previa-se tranquilo… “vamos contornar a albufeira do Fucho, sempre à mesma cota e depois subimos a Foia e pronto…sem espinhas”. Será que foi mesmo assim?

Via Algarviana: atravessar Portugal pelo interior Algarvio…

Era o primeiro dia da Algarviana e apesar dos 77 kilómetros ser um dos dias mais curtos, a altimetria próxima dos 2000 metros de acumulado deixava antever um dia bem durinho tendo em conta que a aventura seria realizada em autonomia, 4 amigos, 4 bicicletas, 2 alforges, 2 mochilas.

Saímos do IPJ de Alcoutim e descemos até junto ao Guadiana para tirar a foto da praxe, junto à sinalização da algarviana… 300kms, o Cabo de São Vicente é já ali.

Depois da foto da praxe depressa nos pusemos ao caminho, caminho que de início seguia na margem direita do rio Guadiana depressa começou a subir em direcção à aldeia de Cortes Pereiras, primeira povoação do nosso roteiro, onde tomámos o nosso primeiro café da manhã. Seguiram-se Afonso Vicente, Corte Tabelião, Corte da Seda, Torneiro, Balurco de Baixo… Algumas centenas de metros após Balurco de Baixo tivemos o nosso primeiro encontro com companheiros de aventura, um casal germânico que pretendia aventurar-se até Sagres mas a pé, iam na segunda etapa. Alguma troca de impressões e oportunidade para uma foto de conjunto.

De volta ao trilho, mas não por muito tempo! Logo após deixarmos os caminheiros, um furo, o primeiro de vários contratempos do mesmo género neste primeiro dia. O piso a revelar-se muito exigente, com imensa pedra. Ao todo, 4 furos neste primeiro dia. O Angel foi o primeiro, acontecimento que pôs o João a pensar na vida…e que permitiu que os nossos companheiros germânicos nos alcançassem.

Após mais uns montes e vales ultrapassados, era a vez do David furar, desta vez a roda da frente, quando nos preparávamos para descer para a Ribeira da Foupana. O rasto de um inverno atípico era bem visível nas inúmeras linhas de águas cruzadas que praticamente não apresentam caudal. Não fora esse facto e teriamos molhado em muitos casos muito mais que os tornozelos!!

O caminho era duro, a temperatura elevada e as pequenas aldeias da serra algarvia sucediam-se umas atrás das outras, no entanto a dimensão de muitas destas aldeias não tinha muito mais para oferecer do que uma fonte de água! Encontramos mais tarde dois estabelecimentos comerciais, mas também nestes só era possível saciar a sede.

Após a subida bem difícil que nos levaria até Corte de São Tomé, conhecemos uma tasca muito sui generis, aproveitando para uma converseta com o taberneiro e uma bebida refrescante à sombra dos seus bonés…já que comida seria difícil nestas paragens.

E lá seguimos viagem após as suas lamentações… Seguiu-se Furnazinhas, onde pretendíamos comer qualquer coisa mas não conseguimos arranjar no café da aldeia onde conhecemos um casal britânico que percorria o allgarve no seu tandem…

É já com o défice de calorias em alta que ocorre um dos momentos mais memoráveis de toda a algarviana. Chegados a mais uma das pequenas localidades perdidas na serra algervia e sem encontrar sinais de um café por perto, fomos atraídos pelo algazarra que insurgia de uma das moradias, que apesar dos vários barris de imperial que apresentava no jardim não aparentava tratar-se de um café ou restaurante. Questionando os moradores acerca do local mais próximo para almoçar, eis que a resposta foi:

            – Dêem a volta ali por trás e entrem cá para dentro!

 Maravilhoso, o amigo Orlando e toda a restante família e amigos faziam um grande almoço, Galo do Campo estufado e convidaram-nos a partilhar a mesa com eles.

Galo caseiro (até as miudezas levaram sumisso), vinhaça, café e medronho. E agora vontade de pedalar? 🙂

Indescritível a simpatia do amigo Orlando e toda a restante família e amigos que depressa mostraram a hospitalidade Algarvia convidando-nos a provar rico pitéu. Um muito obrigado a todos, ah e o Galo estava uma maravilha.

De volta ao pedal senão não chegamos a Cachopo. E como ficou o difícil a orografia daí para a frente, com a barriga a não ajudar nos primeiros instantes. Surgiam rampas bastante íngremes e pedregosas que com o peso extra dos alforges se tornavam bastante complicadas de superar.

Paragem em Vaqueiros para refrescar, pois as temperaturas continuavam altas, e a saída da localidade a ser feita na companhia do pequeno amigo que ainda deve estar à espera de se ver na net.

Até aqui o algarve já se tinha mostrado ser de difícil travessia pela sua orografia, contudo depois de Vaqueiros ainda nos aguardavam valentes subidas, as quais já no fim do dia se revelaram muito duras e desgastantes, e onde apenas a cara simpática de uma velhinha que conhecemos em Amoreira nos alegraria até chegarmos a Cachopo.

Chegando a Amoreira, foi com esta rica senhora que tivemos a conversa mais interessante de toda a travessia 🙂

Mais meia dúzia de quilómetros e chegaríamos a Casas Baixas onde nos aguardava a Dona Idália na antiga escola primária, agora convertida em alojamento rural, contudo e apesar de reserva feita não poderíamos pernoitar ali por falta de espaço. Então, a Senhora levou-nos na sua carrinha até Cachopo, que distava 3 kms, onde nos arranjou local de dormida. Ao chegar a Cachopo fizemos o negócio de uma vida, comprando duas câmaras de ar de pipo fino, esquecidas há anos na oficina de motas de Cachopo, pela módica quantia de 5€ uma e a outra, igual, por 4€.

“Uma vergonha de preço… o que são 5 euros… é o que está marcado…! Qual levam a de 5 ou de 4?”

Havendo três raros exemplares, iguais, dois marcados com 5 euros e um outro com 4 euros, ainda tivemos opção de escolha… Depois de nos instalarmos no novo alojamento tratámos de comprar mantimentos para o dia seguinte e procurar janta pelos restaurantes da vila, também um belo repasto onde a entrada nos deixou a salivar por mais, queijo fresco de cabra com mel… Voltando aos nossos aposentos eram horas de remendar câmaras de ar e lavar alguma roupa. Para secarmos a roupa resolvemos acender o recuperador de calor, ideia que se revelaria bastante eficaz.

Antes de nos irmos deitar ainda houve tempo para espreitarmos as cartas militares, com o percurso, onde pudemos verificar que ainda faltavam muitas serras algarvias para transpor. O segundo dia ia ser um dia difícil…igual ao primeiro…

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Os dias a pedalar estão de volta! 🙂

Antes da 2ª maratona de Nisa oportunidade para por em marcha mais uma epopeia. Partir à descoberta do interior Algarvio, para realizar o percurso da Via Algarviana entre Alcoutim e Cabo de São Vicente, 300 kms na sua maioria instalados na Serra Algarvia a realizar em 4 dias.

Para completar a semana e regressar ao ponto de partida, o retorno será efectuado na Ecovia do Algarve, um percurso mais próximo da costa, com o objectivo de o realizar em 3 dias.

O início será na próxima 2ª feira em Alcoutim assim que o João der a alvorada 🙂

Eis o plano para esta aventura dentro de portas à descoberta de um algarve diferente:

26/03  Seg: Início da Via Algarviana Alcoutim -> Cachopo (Casas Baixas) [84 km]
27/03  Ter: Cachopo (Casas Baixas) -> São Bartolomeu de Messines [80 km]
28/03  Qua: São Bartolomeu de Messines -> Barão de São João [106 km]
29/03  Qui: Barão de São João -> Cabo São Vicente -> Início Ecovia -> Lagos [93 km]
30/03  Sex: Lagos – Faro [121 km]
31/03  Sábado: Faro – Alcoutim [107 km]
 


Desta vez é a versão portuguesa que desejamos a quem se cruze connosco, Bom Caminho!

Depois de nos passados dois meses me ter deslocado a Fátima por duas ocasiões, e ter vislumbrado as famosas setas amarelas acompanhas neste caso da versão azul (caminhos de Fátima), creio que era adequado regressar aos Caminhos do Apóstolo Santiago.

As mini férias proporcionadas pelos feriados de 10 e 13 de Junho (St. António em Lisboa), eram o fim-de-semana mais do que apropriado para realizar o Caminho Português de Santiago desde a Cidade do Porto.

1º Dia – 10 de Junho de 2011: Porto – Ponte de Lima (90 kms)

Ainda não tínhamos tomado o pequeno almoço e já havíamos percebido que não eramos os únicos bicigrinos a caminho de Santiago, porém longe estavamos de imaginar a quantidade de gente que iriamos encontrar ao longo de todo o caminho.

O caminho iniciou-se com um belo passeio matinal à beira do Douro em direcção à Sé do Porto, local onde adquiriríamos a credencial do peregrino. À semelhança do que aconteceu com o troço de ligação do caminho françês, também aqui ficamos surpreendidos com a quantidade de ciclistas que aquela hora pedalavam naquele trajecto.

Tempo para a foto da praxe e perceber que não éramos de facto os únicos a ter escolhido estes dias para realizar o caminho.

Junto à Sé do Porto

Depois da foto, momento de procurar a 1ª seta amarela que nos indicasse o caminho. Após algumas dúvidas iniciais lá conseguimos seguir caminho pelas ruas do Porto, e quando alguma hesitação surgia prontamente nos era indicado qual o caminho a tomar, o que demonstra a familiaridade dos locais com o caminho.

Foi necessária grande parte da manhã para sair da malha urbana da cidade, pelo que este primeiro dia foi na sua grande maioria percorrido por estradas municipais.

Em São Pedro de Rates entre os preparativos para um matrimónio, o pároco local ainda teve oportunidade para carimbar as credenciais 🙂

São Pedro de Rates

Nota alta para a entrada em Ponte de Lima, pelo interior do parque da vila junto à margem do rio e com a Ponte Romana ao fundo. A noite foi passada no albergue de peregrinos de Ponte de Lima, um dos melhores albergues que já tivemos oportunidade de conhecer.

2º Dia – 11 de Junho de 2011: Ponte de Lima – Barro (105 kms)

A ausência do João era notória neste segundo dia, pois fomos quase os últimos a sair do albergue!

Este segundo dia era o mais complicado do caminho, com a impossível subida da Labruja. Esta subida não era possível de ser realizada em bicicleta, algo que não encontramos em todo o caminho Françês cujo todos os trilhos eram cicláveis e nas situações mais complicadas havia o percurso alternativo para bicicletas como aconteceu na subida do Cebreiro.

No topo da Labruja

Em compensação este segundo dia foi o mais fantástico em paisagens e trilhos, de salientar também a passagem pela ponte entre Valença e Tuy e a entrada nesta localidade.

Demoramos mais de 1h a atravessar esta ponte 🙂

Passagem ainda pela cidade de Pontevedra, local que inicialmente haviamos definido como o termino do 2º dia, mas dada a grande afluência de bicicletas no caminho optamos por andar mais alguns quilómetros para evitar a confusão, pelo acabamos por escolher a localidade seguinte com oferta de albergue. Interessante o albergue que encontramos, a estadia foi totalmente grátis uma vez que o albergue não tem porteiro, o peregrino apenas tem que fazer uso do albergue e deixá-lo tal e qual como o encontrou. Foi um serão simpático com os restantes peregrinos que ali se encontravam!

3º Dia – 12 de Junho de 2011: Barro – Santiago de Compostela (55 kms)

Novamente os últimos a sair do albergue 🙂 mas hoje o fim do caminho já estava muito próximo.

O dia começou frio e a ameaçar chuva, e o caminho apesar de curto revelava alguma exigência com um sobe e desce constante.

Á medida que nos aproximávamos mais peregrinos de bicicleta surgiam, alguma satisfação por não estar só nesta epopeia, mas creio que muitos deles não tinham em conta que o Caminho de Santiago não é uma simples meta entre um ponto e outro, devendo também ter em conta que o caminho não é exclusivo das bicicletas e que outros peregrinos se encontram ao longo do caminho.

Alguns minutos passavam das 12h quando chegamos a Santiago de Compostela e a entrada na praça do Obradoiro desta vez a ser realizada de forma diferente do caminho Françês.

Momento para celebrar e para a fotografia da praxe.

Mais dois!

4º Dia – 13 de Junho de 2011: Regresso a casa

Algum dia teríamos que ser os primeiros a acordar, e o comboio matutino assim o exigia, pelo que eram 5h00 em Espanha quando saímos do seminário menor em direcção à estação dos comboios…ou seja, aquela hora ainda havia sardinhas e folia à solta por Lisboa!

A viagem de regresso foi efectuada na companhia do amigo Paolo que havia realizado o caminho françês, também ele em Bicicleta e ia regressar a casa via Porto. Pelo que a longa viagem pareceu mais curta na sua companhia, e a nossa geografia Italiana melhorou consideravelmente com as descrições dos seus passeios pela terra natal.

Chegados ao Porto demos uma ajudinha a Paolo para encontrar uma forma de empacotar a bicicleta para meter no avião, tarefa essa que não se mostrou nada fácil, mas após a visita a 4 lojas de bicicletas e outras tantas de ferragens lá conseguimos levar avante a nossa missão.

Após a despedida, o regresso a Lisboa com uma passagem obrigatória pela Lourdinhas Badalhoca para almoçar….a bela da sandes de presunto (em dose tripla :)).

Mais informações em: http://alentterrabtt.blogspot.com/

Resumo das Etapas

Resumidamente o caminho de Santiago com inicio em Saint Jean Pied du Port foi realizado em 10 dias, mais um primeiro dia de ligação, que se distribuíram da seguinte forma:

  • Etapa 0 – Hendaye – St Jean Pied du Port (74 kms)
    Etapa 1 – St Jean Pied du Port – Pamplona (76 kms)
    Etapa 2 – Pamplona – Viana (78 kms)
    Etapa 3 – Viana – Villafranca Montes de Oca (88 kms)
    Etapa 4 – Villafranca Montes de Oca – Itero de la Vega (96 kms)
    Etapa 5 – Itero de la Vega – Mansilla de Las Mulas (113 kms)
    Etapa 6 – Mansilla de las Mulas – Astorga (72 kms)
    Etapa 7 – Astorga – Vilafranca del Bierzo (76 kms)
    Etapa 8 – Vilafranca del Bierzo – Sarria (71kms)
    Etapa 9 – Sarria – Melide (64 kms)
    Etapa 10 – Melide – Santiago de Compostela (53 kms)

Quem acompanhou a aventura sabe que este não era o plano original, e que inicialmente estivemos ligeiramente atrasados ao planeado, tendo mais tarde recuperado esse atraso permitindo inclusive andar à frente do planeado o que nos permitia encarar essas etapas com alguma tranquilidade caso algum problema surgisse.
Aqui fica o plano original:

  • Etapa 1: Saint-Jean-Pied-de-Port – Cizur Menor (80,0 km)
    Etapa 2: Cizur Menor – Logroño (88,5 km)
    Etapa 3: Logroño – Belorado (69,8 km)
    Etapa 4: Belorado – Castrojeriz (86,2 km)
    Etapa 5: Castrojeriz – Sahagún (88,4 km)
    Etapa 6: Sahagún – León (72,5 km)
    Etapa 7: León – Rabanal del Camino (68,1 km)
    Etapa 8: Rabanal del Camino – Pedrafita do Cebreiro (82,9 km)
    Etapa 9: Pedrafita do Cebreiro – Portomarín (70,2 km)
    Etapa 10: Portomarín – Santiago de Compostela (91,8 km)

Este plano permitia a estadia em locais diferentes, no entanto creio que de uma forma geral a nossa repartição do percurso tenha sido mais equilibrada, caso da 1ª etapa que de si já muito exigente (senão a mais exigente), ainda propunha mais alguns kilometros até Cizur Menor, pelo que preferimos terminar a etapa em Pamplona e aproveitar para descobrir a cidade.


Fizemos as etapas mais extensas nos dias mais propícios para isso, caso das etapas 4 e 5, o que permitiu equilibrar a etapa 8 do plano original, e repartir por dias diferentes as duas últimas grandes dificuldades do caminho, as subidas da Cruz de Ferro e do Acebo.
O que nos deixou tempo suficiente para nos últimos dias sermos dos últimos a sair do albergue…e que bem que sabia uma hora extra na cama! e poder desfrutar as tardes nos locais de pernoita.

Á espera do polvo, as cañas já cá estavam...mas vinham bebidas!!
No final um ficheiro extremamente útil, e que foi consulta constante durante o caminho, o perfil das etapas distribuído pelas etapas dos peregrinos, download obrigatório para futuros bicigrinos/peregrinos.

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Estamos no Jornal!

O Jornal de Nisa interessou-se pelo nosso feito, e na última publicação deste surge a nossa entrevista a 3 vozes.
Para quem não tem acesso ao jornal, aqui fica a entrevista….

…ou então para uma leitura mais facilitada seguindo o seguinte link:
Campusstellae1.blogspot.com

Obrigado a toda a equipa do Jornal de Nisa e em especial á Teresa Melato.